29 de mai. de 2009

Dá mais um gole aí!


Hector Plasma

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Vejam como são as coisas.

Contra a transposição do Rio São Francisco, D. Cappio, o messias de Cabrobó, fez duas greves de fome. Mobilizou a mídia e a ele juntaram-se eco-artistas globais. A comoção estava montada.

Em entrevista à TV Estadão, Dilma Pena, secretária de Saneamento e Energia de São Paulo, afirma categoricamente que serão necessários novos mananciais para combater o estresse hídrico do estado, “acabou, não temos mais mananciais. Então nós temos que buscar mananciais de outras bacias”. Outras bacias subentende-se buscar água em outros estados, ou em outras bacias de São Paulo somente para alimentar a região metropolitana.

Se você fica indignado com a transposição do São Francisco, saiba que boa parte da água do sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de mais de 8 milhões de pessoas (Zona Norte, Central e partes da Leste e Oeste) vem da transposição da Bacia do Piracicaba para a Bacia do Alto Tietê.

Sendo que dos 33m³/s que o sistema Cantareira produz, apenas 11,3m³/s são advindos da Bacia do Tietê e do Piracicaba, ou seja, de São Paulo. Os 22m³/s restantes, pasmem, vem de bacias de Minas Gerais.

Para se ter uma comparação, a transposição do São Francisco prevê uma vazão média de 50m³/s somente durantes os períodos de déficit hídrico da região do semi-árido nordestino.

Nos dois debates ficou claro o de sempre. O problema hídrico do nordeste foi tratado através da comoção. A imagem bucólica de pescadores que assistirão o São Francisco sumir e retirar-lhes o pouco do que resta para subsistência foi sobreposta às razões técnicas.

Por outro lado, velhos coronéis saíram gritando que a água de seus territórios será desviada para outros e a grande mídia corporativa somente se preocupou com o montante a ser investido no projeto.

E no Sudeste? Também o de sempre. O problema é tratado de forma técnica sem questionamentos sobre o quanto vai custar novas transposições e discreta, sem grande alarde.

Se devemos pagar aos outros estados pela água que São Paulo consome? Nem uma gota.

Muito pelo contrário. Dilma Pena deixa claro que uma das possibilidades é buscar água do Paraíba do Sul e, não sei se você sabe, mas essa bacia nasce no estado de São Paulo, segue em direção ao Rio de Janeiro e na barragem de Santa Cecília (...) ele [o rio Paraíba do Sul] joga 40m³/s para formar o rio Guandu que abastece a região metropolitana do Rio de Janeiro”. Fluminenses, olhos vivos! A secretária deixou claro que o Rio de Janeiro tira água de São Paulo. Um dia uma conta pode chegar para vocês.

Em algum lugar desse blog foi dito que a região Norte/Nordeste tem sina e a Sudeste, destino. Portanto nada poderá aplacar nossa sede pelo desenvolvimento.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo , mas que a desculpa pra tranposiçao é seca é mais furada que akela do homem nao ter ido a lua .
Infelizmente o assunto é muito falado e pouco discutido . Discussão, e ver que uma obra dessa é inviavel tecnicamente na forma como é posta para a população . Quero ver levar agua em canos para as milhares de moradias da regiao . Se eu tivesse grana iria me juntar aos coroneis e comprar um terreno no semi-arido pq ja ja eu estaria enviando frutas para o exterior e nao resolvendo akelas imagens canonicas de seca e pessoas passando fome ....

"O problema lá nao é de seca e sim de cercas "....