8 de mai. de 2009

quem é que manda



Fernanda Pompeu

A história de que o primeiro sutiã a gente nunca esquece, não funciona comigo. Envaideço-me de jamais ter usado esse estrangula- seios. No princípio, por rebeldia. Depois, por comodidade.
O que eu nunca me esqueço é do primeiro mouse. Sim, houve uma época, na pré e na história da humanidade, em que os mouses não existiam.
Nascida na segunda metade do século passado, faço parte da chamada geração intermediária. Também conhecida como geração nem lá nem cá. Aquela que começou a vida produtiva com a máquina de escrever e, da noite para o dia, bateu com o nariz na tela do monitor.
Fui iniciada no velho DOS: c://copy.word... Puxa, nem lembro mais dos comandos. Mas era assim: monitor de fósforo verde, monocromático; CPU do tamanho de uma máquina de lavar; impressora matricial e ruidosa; e o teclado (que não mudou muito).
Windows e mouse vieram mais tarde. A primeira vez que peguei no ratinho foi hilariante. Eu, simplesmente, não conseguia controlá-lo. O cursor escapava-me. Com medo de que ele voasse, cheguei a fechar a janela do quarto de trabalho.
Eu sei. Hoje, os bebês seguram a mamadeira com a mão direita e com a esquerda pilotam o mouse. Dizem que já vem no DNA. O que também sei é que o Graciliano Ramos escreveu o estupendo “Memórias do Cárcere” com um toco de lápis.
O escritor na prisão. Imaginem o espanto: não tinha apontador, não tinha aeron chair, não tinha mozilla firefox. Daí?
Ferramentas ajudam, mas o ouro continua na cabeça das pessoas.

3 comentários:

Fernanda Pompeu disse...

Carvall, escrever para você ilustrar é tudo de bom.

elly disse...

...e, para continuar o deleite, tinha uma letra linda! bjk

Ivone Rocha disse...

Nossa...adorei! Bjs. Ivone