24 de dez. de 2008

milhão!



Sim senhores leitores, nós, os politicamente icorretos,
também já ganhamos nosso primeiro milhão com a internet.
Afinal isto é uma ong!
Vamos consumir nossa fortuna em alguma beira de praia até
que dê vontade de voltar.
E como a filosofia é fruto da vagabundagem, acreditem,
estaremos filosofando.
Que venha 2009.

22 de dez. de 2008

os ecaluzes



Fernanda Pompeu


Éramos um bando. Estudantes da ECA / USP. Moças e rapazes cabeludos. A tiracolo, bolsas de couro ou de lona. Nos pés, congas ou as prazerosas (por onde andam?) sandálias franciscanas. Ainda não vivíamos sob império das marcas, nem sob a tirania das grifes. Também não conhecíamos os ditames do “pensamento único”.
Nosso negócio era uma vida desetiquetada. Sem a ameaça da Aids e na segunda geração dos contraceptivos, todo mundo transava com todo mundo. Uma festa. Não havia academias de ginástica e então o verbo malhar era sinônimo de trabalhar. Mas corríamos – como corríamos! – da polícia, quando das passeatas e atos públicos.
Acreditávamos na alta cultura. Éramos fãs do Rainer Fassbinder e John Cage. Sabíamos de cor diálogos de Esperando Godot do Beckett: “Se o galho enforca você / enforca a mim também.” Pelos corredores da ECA, recitávamos versos de Maiakovski: “Come ananás, mastiga perdiz. Teu dia está próximo, burguês.”
Bonitos e arrogantes pensávamos que o mundo começava com a gente. Antes de nós, a barbárie. A ignorância dos poucos anos de vida era a auréola que nos fazia meio loucos, meio anjos. Como em todas as épocas, imemoriais e memoráveis, nosso mapa e território atendiam pelo nome de Juventude.

VAI E VÉM!



Olmeca de Tlachtli

AH! Chegou o momento que causa frisson nas torcidas de todo o país.

A hora da verdade: ou seu time toma vergonha na cara e contrata atletas que façam – alguma – diferença ou 2009 será mais um ano para sofrer.

Não sei quanto a vocês, mas essa é uma época do ano que eu fico literalmente viciado em transferência de jogadores. Chego a me sentir como um empresário, mas não daqueles de caráter duvidoso, mas sim um, digamos, legal (se é que existe...rs)

O São Paulo, mais uma vez, saiu na frente nas contratações e fez uma limpa no Flu. Levou Washington, Júnior César e ainda periga de levar o Arouca. Quem mandou eliminar o tricolor da Libertadores 08? E, de quebra, repatriou Eduardo Costa, bom volante do Espanyol.

O Timão também não perdeu a viagem e trouxe logo o Fenômeno – volta em grande estilo e peso! – além de Jorge Henrique, atacante habilidoso vindo do Botafogo e a experiência do voltante Túlio, também do fogão, que, aliás, é outro time carioca que sofreu um ataque nuclear e perdeu todos os seus jogadores – incrível!. O timão está insaciável e ainda tirou o zagueiro Jean, do Grêmio.

O Santos, manteve seu treinador, Márcio Fernandes, diga-se de passagem de forma justíssima. E vejam só: mais jogadores do Botafogo: Lucio Flávio. Meia habilidoso, de bom passe e ótima opção para a bola parada e o lateral esquerdo Triguinho. Para piorar ainda mais o vira-vira do Vasco, o único atleta com lucidez do elenco lusitano foi contratado pelo peixe: Madson.

O Palmeiras, parece estar seguindo a linha dos cariocas. Até agora só perdeu jogadores, e alguns deles com importância para o elenco, como o lateral Leandro. O porco tem apostado em jogadores de nível duvidoso como Maurício, zagueiro do Coritiba, Cleiton Xavier, meia do Figueirense e Marquinhos, meia habilidoso do Vitória. Não são jogadores ruins, mas você já não viu esse filme antes? Jogam muito em times de pouca expressão, mas na hora “H” pipocam.


Curiosidade: Que feirão livre é esse na Argentina? Impressionante como só agora os clubes brasileiros descobriram o mercado da bola dos hermanos!

Grande abraço e boas compras para seu clube!

15 de dez. de 2008

Fenômeno, ou Fofômeno?



Olmeca de Tlachtli

Ele chegou! Ronaldo - o Fenômeno – finalmente foi apresentado à fiel torcida corinthiana.
Impressionante como Ronaldo é fenomenal – me desculpem a redundância, ou redondância? Whatever...- no que diz respeito a sua imagem! O astro realmente consegue captar os olhos de toda a mídia esportiva, mesmo com toda a cautela em relação a sua volta como jogador de futebol.
A volta de Ronaldo representa uma revolução na forma de pensar dos dirigentes do nosso futebol. Sim, é possível inovar, ousar.
Repatriar um grande nome é algo custoso? Sem sombra de dúvida que sim. Mas, pense como isso, com o mínino de conhecimento de Marketing, pode tornar qualquer negócio, que a princípio pareça inviável, em algo vantajoso.
O caso Ronaldo Fenômeno é um ótimo exemplo. Ele ainda nem jogou, e vejam o que repercussão já causou! O Corinthians nunca obteve tanta exposição internacional como agora. Ronaldo foi capa dos principais periódicos esportivos durante toda a semana. Mais de oito canais de TV alteraram sua grade de programação só para ver a apresentação do Fenômeno.
Aí, você ainda me questiona se valeu à pena? Mesmo se Ronaldo nem entrar em campo, já valeu.
Agora, eu espero que essa contratação bombástica cause aquela disputa saudável entre os clubes, que com certeza irão em busca de grandes reforços, e isso só trará benefícios ao futebol nacional.
Agora, que o Fenômeno está fora de forma, ah está...

Cornetando:

Borges, o rei dos gols xenical, já soltou mais uma bufa: “Vou disputar a artilharia com o Ronaldo”

Marcos,, goleirão do Palmeiras: “Agora, vou ter muito mais trabalho”

Marco Aurélio Cunha, dirigente fanfarrão do Sampa: “Parabéns pela ousadia, Corinthians”.

A fatura chegou



Estudantes gregos são os primeiros a cobrar promessas não entregues

por Hector Plasma*

As recentes manifestações dos estudantes gregos são abordadas pela mídia como um movimento restrito a alguns supostos 'anarquistas' que se respaldam na impossibilidade das forças de segurança invadirem os campi universitários.
Também cansaremos de ler e assistir reportagens sobre os prejuízos causados pelos baderneiros e outros que a Grécia terá no turismo. Números não faltarão.
Qualquer subterfúgio valerá para restringir o movimento à baderna.
Mas o real significado da revolta é a frustração dos jovens. O slogan do movimento é auto-explicativo: "nossa cólera tornou-se nosso combate". Os estudantes gregos estão cobrando uma vida que lhes foi prometida e não foi entregue.
Vivemos a 'era do conhecimento', ou pelos menos nos vendem essa idéia de que um curso superior, fluência em outras línguas, cursos de especialização nos levarão ao olímpo e, assim, poderemos viver plenamente todas as sensações à venda no mercado. De outra forma, pulando todos os obstáculos impostos pelo mundo do trabalho teremos as portas abertas das corporações.
O depoimento da grega Katerina mostra o muro que encontrou uma jovem de 28 anos após ter feito todo o calvário imposto pelo mundo moderno:
"Meus pais se viraram aos quatro ventos para que eu pudesse estudar no estrangeiro. Já haviam feito sacrifícios durante meus estudos na escola, pagando cursos particulares (...). Estudei pesado em Paris, maîtrise [são os quatros anos de estudo que no Brasil significa bacharelado], DEA [diplôme d'études approfondies, que para nós seria o mestrado] e doutorado. Ao retornar [à Grécia] foi o banho frio. No primeiro trabalho que me propuseram, o salário era menor do que os trabalhos de estudantes em Paris. Era uma multinacional. Eles sabiam que eu falo fluentemente grego, inglês e francês. Mas isso não valia nada. Mudei de emprego e foi pior. Me ofereceram pagar parte de meu salário por fora, e sobretudo não pagar o seguro social. Finalmente entrei em uma empresa de telecomunicação onde trabalho das 7 horas da manhã até a tarde, sem pausa ao meio-dia. Evidentemente não me pagam hora extra. Algumas vezes ainda me chamam no final de semana. Mas, ao menos, eles me pagam no fim de cada mês. Não é o caso dos meus amigos, que devem implorar para serem pagos".
Outra novidade a ser observada é que os manifestantes são integrantes da classe média. O estudante morto, Andreas Grigoropulos, estopim das manifestações, estudava em um dos melhores colégios de Atenas, seu para era professor universitário e sua mãe comerciante. Portanto são novos atores com novas demandas.
Degradação do trabalho
A realidade descrita por Katerina é bem conhecida por nós brasileiros: trabalho informal e sem direitos garantidos em lei.
No Brasil ainda temos a figura do PJ's (pessoa jurídica), isto é, aquele cidadão que para conseguir trabalho deve abrir uma empresa. Talvez a Grécia não tenha chegado a tal sofisticação.
Muitos analistas colocarão a culpa pelas manifestações no governo 'corrupto' grego. Outros destacarão que o atual governo tentou modernizar o ensino público e arejar a estrutura pública grega e foi barrado pelo detentores de privilégios. Alguns dirão que a Grécia não se modernizou e suas atividades econômicas restringem-se à pesca e ao turismo.
Mas ninguém poderá escapar dos fatos. Tanto no Brasil como na Grécia, e provavelmente em vários países, o Estado, refém do mercado, fez vista grossa para a desregulamentação do trabalho. Os sindicatos, no caso do Brasil, também se esquivaram porque a cota financeira está garantida por lei no final do mês e não é interessante mexer em time que está ganhando.
O resultado foi que os salários foram achatados, a boa parte da produção de bens foi transferida para países sem nenhum compromisso com as leis, como a China, e a classe média viu o seu sonho minguar.
Não se sabe qual será o desenlace da história, mas com certeza os estudantes gregos não serão os únicos a bater na boca do caixa e apresentar a fatura. Só foram os primeiros.
Leia mais:
"La hoguera griega sigue encendida"
"Le retour au réel après l'argent facile"
"Les jeunes Grecs racontent leur colère"

*Hector Plasma já tem certeza que o Mercado nunca será um Deus grego.

12 de dez. de 2008

a glória não é dos segundos



Fernanda Pompeu

O acaso fez com que eu estivesse no Rio de Janeiro no domingo, 7 de dezembro. Na terra do Clube de Regatas do Flamengo e da Estação Primeira de Mangueira, fui testemunha da tristeza dos torcedores do Vasco da Gama. A segunda maior torcida carioca viu seu time despencar para a segundona.
Uma tarde de luto. Vi marmanjos, moças e meninos chorando. Os jogadores deixaram a arena mudos de dar dó. O torcedor Luís Fernando Vilaça, 21 anos, ameaçou se matar atirando-se da marquise do Estádio de São Januário. Foi salvo pelos bombeiros e por outro santo, o Sebastião, que zela pelo Rio de Janeiro.
Meditei que é mesmo difícil esse negócio de segunda divisão, segundo escalão, segundo lugar. Todo o mundo lembra dos primeiros. O primeiro a atingir o cume do Everest, Sir Edmund Percival Hillary, é cantado em prosa e verso. Mas ninguém lembra do segundo. Os corações suspiram pelo primeiro amor, mas pelo segundo... amnésia.
Na última Olimpíada, o sueco Ara Abrahamian atirou sua medalha ao chão. Verdade que a medalha era de bronze. Mas, puxa, era olímpica. O escrete nacional, em 1996, também se recusou a subir no pódio para receber a medalha de bronze. E toda vez que os canarinhos ficam em segundo, vice-campeões, a nação abaixa a cabeça.
O fato é que é complicado a posição de segundo. Eu sou a segunda filha de uma carreirinha de cinco. Minha terapeuta me ajudou a superar alguns traumas: herdar roupas e brinquedos usados da primogênita; ter menos fotografias do que ela; ter chorado com dor de barriga sem que papai e mamãe entrassem em pânico.

11 de dez. de 2008

Criacionismo em aula de ciências

Folha de S. Paulo 06/12/08



CHARBEL NIÑO EL-HANI

O criacionismo ser ensi­
nado em aulas de ciências? Em
minha visão, a resposta a esta
questão deve ser ’Não’ - mas com im­
portantes qualificações, que discuti­
rei abaixo. Antes de mais nada, é pre­
ciso dizer que este é um debate inte­
ressante, no qual devemos exprimir
nossas posições com clareza, evitan­
do a todo custo usar nossos argumen­
tos apenas em favor do proselitismo.
Mais do que apenas tomar partido, é
preciso esclarecer o que está em jogo.
O espaço é curto, mas vejamos alguns
pontos. Em artigo recentemente pu­
blicado no periódico internacional
Cultural Studies of Science Educa­
tion, em colaboração com Eduardo
Mortimer (UFMG), defendi a posição
de que, de um lado, professores de
ciências sempre devem ter em conta a
diversidade das visões do mundo dos
estudantes em suas salas de aula. Isso
significa que deve haver, sim, espaço
para a discussão de diferentes pers­
pectivas sobre fenômenos que a ciên­
cia explica, incluindo o criacionismo,
desde que representado na sala, e não
somente na perspectiva cristã, mas
em todas as perspectivas presentes
entre os estudantes. Mas, de outro la­
do, os professores nunca devem per­
der de vista que o objetivo do ensino
de ciências é, como deveria ser óbvio,
ensinar o conhecimento científico.
Assim, é necessário, sim, que os pro­
fessores estimulem os estudantes pa­
ra que compreendam as idéias cientí­
ficas - e tal como elas se apresentam
no conhecimento científico atual­
mente aceito. Seria certamente um
rompimento do contrato didático en­
tre professores, alunos, pais, adminis­
tradores, se, nas aulas de ciências, não
se tivesse como objetivo ensinar ciên­
cias, mas sim idéias oriundas de dife­
rentes tradições culturais. Nunca é
demais repetir: professores de ciên­
cias estão ali para ensinar ciências!
Por isso, minha resposta à questão
inicial é ’Não’. Mas notem a qualifica­
ção importante: isso não significa não
dar espaço a vozes discordantes do
conhecimento científico. Antes pelo
contrário, o professor de ciências de­
ve explorar essas vozes discordantes
para discutir as variadas maneiras co­
mo os seres humanos compreendem
e explicam o mundo, e, mais, a impor­
tância de se distinguir entre diversos
discursos humanos, fundados em
pressupostos distintos sobre o que
constitui o mundo (pressupostos on­
tológicos) e sobre o que constitui co­
nhecimento válido (pressupostos
epistemológicos). O discurso científi­
co é, em termos epistemológicos, de
caráter empírico, no sentido de que as
afirmações que a ciência faz sobre o
mundo devem ser sujeitas ao crivo da
experiência, devem ser testadas con­
tra o mundo empírico. Esse caráter
empírico implica, por sua vez, que,
em sua ontologia, o discurso científi­
co assume um naturalismo metodo­
lógico. Na medida em que os sistemas
naturais são os sistemas sobre os
quais podemos coletar dados empíri­
cos, somente estes figuram no discur­
so das ciências. É importante diferen­
ciar essa posição de um naturalismo
metafísico: não se trata de dizer que
entidades sobrenaturais (deuses, es­
píritos etc.) não existem (esta é uma
crença como qualquer outra e, since­
ramente, não é produtivo debater
crenças tão fundamentais). Trata-se,
antes, de dizer que estas entidades
não figuram no discurso das ciências,
porque afirmações que as empregam
não podem ser testadas empirica­
mente. Este discurso naturalista é le­
gitimo! Isso também parece óbvio,
mas é preciso destacar que, quando se
discute pluralismo e respeito à diver­
sidade, por vezes se perde de vista que
também o discurso científico deve ser
respeitado, deve ser reconhecido co­
mo legítimo! E, ademais, reunimos
nossas crianças e adolescentes em sa­
las de aula de ciências para aprender
este discurso científico sobre o mun­
do e seria um desrespeito aos estu­
dantes tanto negar-lhes a voz, quando
discordarem desse discurso, quanto
ter como objetivo ensinar-lhes idéias
que não são científicas, como, por
exemplo, idéias criacionistas. Esta
posição me parece um bom caminho
intermediário entre privar os sujeitos
em sala de aula de exprimir suas con­
cepções sobre o mundo e simples­
mente querer ensinar o que não é
ciência como se o fosse.

�CHARBEL NIÑO EL-HANI�, bacharel em ciências biológi­
cas, mestre e doutor em educação, é professor do Institu­
to de Biologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e
do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e
História das Ciências da UFBA/UEFS (Universidade Esta­
dual de Feira de Santana). É bolsista de produtividade em
pesquisa 1-D do CNPq.

Exílio prolongado

Folha de S. Paulo 10/12/08


ANTÓNIO GUTERRES

REFUGIADOS SÃO o símbolo de
nossos tempos turbulentos. A
cada novo conflito, jornais e
TVs são tomados por imagens de
multidões se movimentando, fugindo
dos seus próprios países com a roupa
do corpo e poucas coisas que podem
carregar. Quem sobrevive depende da
boa vontade de países vizinhos para
abrir suas portas e da habilidade de
organizações humanitárias para pro­
ver comida, abrigo e atenção.

Mas o que acontece quando o êxodo
termina, os jornalistas vão embora e o
mundo volta sua atenção para outra
crise? Quase sempre, os refugiados
são deixados para trás e gastam anos
de suas vidas em campos e acampa­
mentos miseráveis, expostos a peri­
gos e com direitos restritos.

As situações prolongadas de refú­
gio atingiram proporções enormes.
Estatísticas recentes do Acnur (a
agência da ONU para Refugiados)
mostram que cerca de 6 milhões de
pessoas estão no exílio por cinco anos
ou mais _sem contar os mais de 4 mi­
lhões de refugiados palestinos. Exis­
tem mais de 30 situações de refúgio
prolongado no mundo, a maioria em
países da África e da Ásia que sofrem
para garantir as necessidades dos
seus cidadãos.

Na prática, muitos desses refugia­
dos estão presos. Não podem voltar
casa porque seus países de origem
-Afeganistão, Iraque, Myanmar, So­
mália e Sudão, por exemplo - estão
em guerra ou são afetados por viola­
ções dos direitos humanos. Na maio­
ria dos casos, as autoridades dos paí­
ses de refúgio não facilitam a integra­
ção local nem concedem cidadania.
Apenas uma pequena parcela conse­
gue ser reassentada na Áustrália, Ca­
nadá, Estados Unidos ou outro país
desenvolvido.

Durante longos anos no exílio, es­
ses refugiados têm uma vída difícil.
Muitos não têm liberdade de movi­
mento ou acesso à terra, e não podem
procurar trabalho. O tempo passa, e a
comunidade internacional perde o
interesse nessas situações. O finan­
ciamento seca, e serviços essenciais
como educação e saúde ficam estag­
nados e se deterioram.

Espremidos em acampamentos lo­
tados, sem renda e sem o que fazer, os
refugiados são afetados por doenças
sociais como prostituição, estupro e
violência. Não é de se estranhar que
muitos assumam o risco de se mudar
para áreas urbanas ou migrar para
outro país, colocando-se nas mãos pe­
rigosas de traficantes de pessoas.

Meninas e meninos refugiados so­
frem ainda mais. Uma proporção
crescente dos exilados nasceu e cres­
ceu no ambiente artificial de um cam­
po de refugiados, seus pais sem condi­
ções de trabalhar ou dependentes das
escassas rações fornecidas por agên­
cias internacionais. E mesmo se a paz
retorna a seus países de origem, esses
jovens voltarão para uma ‘terra natal‘
que nunca viram e onde sequer falam
a língua local.

Considero intolerável que o poten­
cial humano de tantas pessoas seja
desperdiçado no exílio. É imperativo
tomar medidas solucionar essa triste
situação.

Primeiro, é necessário deter os con­
flitos armados e as violações de direi­
tos humanos que levam ao exílio e à
vida como refugiados. Neste aspecto,
a ONU tem um papel importante co­
mo mediadora, negociadora, por
meio das suas forças de paz ou punin­
do os culpados por crimes de guerra.

Segundo, mesmo com a escassez de
fundos por causa da atual crise finan­
ceira, todo esforço deve ser feito para
melhorar as condições dos refugiados
em exílio prolongado, seja em acam­
pamentos, nas cidades ou na zona ru­
ral. É preciso prover meios de vida,
educação e treinamento. Com isso, os
refugiados terão uma vida mais pro­
dutiva e recompensadora, podendo
preparar seu futuro - onde quer que
seja.

Finalmente, mesmo sabendo que
não se resolve o problema levando to­
das as pessoas para países desenvolvi­
dos, as nações mais ricas devem reas­
sentar parte dessa população, princi­
palmente os mais vulneráveis, de­
monstrando sua solidariedade com
os países que abrigam muitos refugia­
dos.

Os problemas dos refugiados são
responsabilidade da comunidade in­
ternacional, e só são enfrentados com
cooperação e ações coletivas. Deve­
mos assegurar que a assistência aos
refugiados também beneficie as po­
pulações locais. Devemos encorajar a
comunidade internacional a apoiar os
países dispostos a naturalizar e dar ci­
dadania a refugiados. E devemos ter
abordagens mais efetivas para o re­
torno e reintegração de refugiados
em seus países de origem, fazendo
com que se beneficiem e contribuam
para os processos de construção da
paz.

ANTÓNIO GUTERRES, 59, é o alto comissário da ONU pa­
ra Refugiados, chefe do Acnur (a agência da ONU para Re­
fugiados) e ex-primeiro-ministro de Portugal.

8 de dez. de 2008

Tricolaço!



Olmeca de Tlachtli

Acabou. O Brasileirão 08 chegou ao fim, e com ele mais um caneco conquistado pelo tricolor do Morumbi. Hexacampeão!
Muricy Ramalho entrou para o seleto grupo dos treinadores outstanding – fica mais chique escrever em inglês – com três títulos brasileiros de forma consecutiva, se igualando ao saudoso Rubens Minelli, também com três canecos.
A diferença é que Muricy foi o único a conquistar os três títulos com o mesmo clube.
AH! Continuando com minha teoria dos “gols xenical”, ontem o tricolor provou mais uma vez que tem uma largura do tamanho da Avenida Paulista.
Hugo errou o chute e caprichosamente a pelota foi parar no pé esquerdo do predestinado Borges – o rei dos gols cagados – e desta vez com um plus: gol cagado com um toque de salto triplo alá Maurren Maggi, o que resulta no não menos famoso “gol xenical flatulento”.
Borges estava mais de um metro impedido! O que não tira o mérito do tricolor, mas deixa mais uma vez em evidência a falta de preparo dos bandeiras.
Esse é o São Paulo: retrato de um time que, com um pouco mais de organização e visão que os demais, ganhou uma significativa vantagem competitiva e o tornou o maior dos vencedores no cenário nacional. E um time campeão sempre tem, além de tudo, sorte.
Gosto amargo no chimarrão dos gaúchos – do lado azul, claro! – que deixaram o tricolor chegar e o custo disso todos nós sabemos.
Impressionante a incompetência – e a sorte - do Palmeiras, que contou com a fortuna de todos os outros concorrentes pelas vagas na Libertadores 09 terem perdido – ok Cruzeiro, você venceu! - seus jogos. Milagre de San Gennaro (ou de São Marcos).
Em relação ao Flamengo, o urubu anda realmente rondando a Gávea. O rubro-negro carioca deixou escapar uma vaga na libertadores 09 dada como certa, e encerrou de forma melancólica o Brasileirão 08.
E o Vasco? Mais um dos grandes que vai pro buraco. É triste vermos a fraqueza de um gigante do futebol nacional. A aposentadoria de Edmundo – o Animal – não poderia ter sido mais manchada.
Um jogador polêmico, mais de futebol incontestável.
Um grande clube, de futebol tão pequeno.
Você já reparou que os rebaixados sempre possuem características em comum?
Administração duvidosa, times medíocres, salários atrasados, negociações nebulosas e dirigentes fanfarrões. Essa é a fórmula do coquetel molotov do futebol.
Parabéns, Tricolaço.
E breve regresso ao Vasco.

Saia desse corpo que não (mais) te pertence



Hector Plasma

Qual foi a explicação para a nomeação de Henrique Meirelles para o chefe do Banco Central?
Na época, 2003, era pelo seu trânsito pelo mercado financeiro e por ter sido presidente do BankBoston. Eram os tempos em que se acreditava no capitalismo de papel, com seus 'investment grade', 'agências de rating' e no combate da inflação através da taxa de juros.
Eram os tempos em que se avaliava, para o bem e para o mal, um país apenas por uma planilha de Excell.
Mas tudo virou pó, assim como o pensamento dominante do Copom do qual Meirelles é o chefe.
Agora é a hora da produção, do crédito para a produção e de taxas de juros visando a produção. Então qual a explicação para a manutenção de Meirelles no BC?
Ou Meirelles encarna outro espírito ou desencarna do cargo. É o começo de uma nova novela que veremos na próxima reunião do Copom, dias 09 e 10 de dezembro

5 de dez. de 2008


Ai de mim, Tijuca!


Fernanda Pompeu

O Instituto Lafayette ficava na rua Conde de Bonfim, Rio de Janeiro. Lá estudávamos meninas de classe média, todas brancas e, no final dos anos 60, sem muitos sonhos de ingressar numa faculdade. A maioria contentava-se em concluir o fundamental e só.
Eu morria de inveja do outro Lafayette, também na Tijuca, na rua Haddock Lobo, só para meninos. Tudo deles era mais vantajoso, a começar pelo prédio maior e mais bem equipado. A continuar pelos então cursos clássico e científico que só eles tinham.
Enquanto o Lafayette das meninas oferecia um laboratório de ciências com pássaros empalhados e um único esqueleto meio corpo; o Lafayette dos meninos ostentava tubos de ensaio, pias com torneirinhas e esqueletos inteiros.
A única vantagem que contávamos (a nós mesmas) era a de que o casarão, em que os professores fingiam que ensinavam e as alunas fingiam que aprendiam, havia sido a residência, por quase meio século, do Duque de Caxias – patrono do Exército Brasileiro.
Gostava de imaginar que Caxias havia engravidado a frase de efeito “quem for brasileiro que me siga” na sala em que decorávamos os tempos verbais. Gostava de imaginar que no teatro, onde não acontecia nada, o Duque ouvira o concerto da vitória sobre os paraguaios.
Depois tudo se transformou. Eu mudei para São Paulo; Caxias, de herói para serial killer. O histórico casarão foi ao chão. No enorme terreno, ergueram uma espécie da galpão. Hoje é um supermercado Sendas.

4 de dez. de 2008

Imprensa

3 de dez. de 2008

testemunha ocular


Fernanda Pompeu
Tinha eu doze anos, quando meu pai perguntou se eu queria participar da grande passeata que prometia sacudir, no 26 de junho, a cidade do Rio de Janeiro e reverberar nos quartéis. Ele era então um comunista de carteirinha, desses que arriscavam o pescoço militando nas células do PCB.
Eu, uma adolescente embriagada por todos os sonhos do varejo e do atacado. A revolução, à luz da minha inocência, estava na virada da esquina, ao alcance do desejo.
O ano era 1968 – havia começado com o assassinato do estudante Edson Luís, 18 anos, no restaurante Calabouço; continuado com o acirramento de várias repressões e findaria com o famigerado AI-5, presente de natal da ditadura para os brasileiros.
Meu pai e eu passeateamos de mãos dadas. Formávamos um par interessante. Ele bem mais velho do que os universitários, eu bem mais nova. Íamos compenetrados no meio da multidão e engrossávamos o repertório das palavras de ordem.
O coro de vozes, para ganhar adeptos, gritava: você que é explorado, não fique aí parado. Das janelas dos prédios, choviam papel picado e aplausos. Um raro momento de comunhão da sociedade civil democrática.
Passados 40 anos da histórica Passeata dos Cem Mil, o que ficou? Deixo as respostas para cada leitor. Para mim, restou a oportunidade de contar isso.

1 de dez. de 2008

Perrrdeu, Preibói!


por Olmeca de Tlachtli - o 1º boleiro da história

Boleiros,
Passada a sensacional penúltima rodada do brasileirão, pouca coisa mudou.
No jogo mais importante da rodada, o duelo de tricolores terminou num empate com sabor bastante amargo para o time do Morumbi, que diante de sua confiante torcida não desenvolveu um bom futebol.
Tartá abriu o placar para o fluzão, em boa jogada do carrasco Washington. Esse empate garantiu o flu matematicamente na série A.
Borges fez o - gíria de boleiro, ok?- chamado gol cagado. Foi tão cagado que resolvi batizar de “gol xenical”. E o que esse gol teve de lactopurga, também teve de importância para o jogo, pois foi esse lance que acendeu o São Paulo para o restante da partida, e pode mostrar também que o Fluminense tem sim um bom time, com jogadores capazes de desequilibrar uma partida (ótimo jogo de Arouca para o Flu e de André Dias para o Sampa).
O Grêmio – depois da vacilada incrível na semana passada – fez o óbvio e sacolou o limitado time do Figueirense – 4 x 1 -, mantendo o Brasileirão 08 emocionante até seu último segundo.
Espantoso como o Flamengo é amaldiçoado em determinados jogos no Maracanã. Hoje foi um bom exemplo para relembrarmos o fatídico Maracanazo da Copa de 50. O fla chegou a fazer –pasmem! – 3 x 0 no modesto time do Goiás e conseguiu ter a proeza de ceder o empate. É nessas horas que eu realmente entendo o mascote do fla ser um urubu! Vai ser zicado assim lá na Gávea!
Quem adorou o resultado foi o Palmeiras, que apesar do magro empate com o Vitória – 0 x 0 -, acabou terminando a rodada na zona para a Libertadores 09.
Na zona do rebaixamento a briga também está de arrepiar. A vitória do Vasco sobre o Coritiba – 2 x0 – manteve viva a esperança do time lusitano.
Ah, por falar em lusitano... Aqui jaz a lusa. A Portuguesa não tem mais chances de escapar da guilhotina e morreu abraçada com o outro já rebaixado: o Ipatinga, que pareceu mais uma espécie de “time bônus” do que uma equipe de futebol profissional.
Acho que meu time aqui da rua ganharia do Ipatinga facin facin. E o passe da galera custaria uma coxinha e uma coca-cola.
Chegamos aos mil gols no BR 08! O que mais uma vez mostra um campeonato disputadíssimo e de times bastante ofensivos.
Esse é o Brasileirão 08. Vacilou, perrrdeu preibói!
E quanto ao Grêmio? Será que ainda dá?

28 de nov. de 2008

TERCEIRO MANDATO DE LULA NÃO É APROVADO


Por Hector Plasma
"A Comissão de Assuntos Políticos da Câmara dos Deputados rejeitou a possibilidade do presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, se candidatar a uma segunda reeleição em 2010, ainda que deixou aberto a opção de que a faça em 2014.
Os representantes do PT, proponentes da reeleição imediata, não conseguiram apoio dos outros partidos e o chefe de Estado só poderá voltar a apresentar seu nome para a Presidência em 2014.
Por um votação de 15 a favor e 18 contra, a comissão parlamentar derrotou a proposta de modificar a pergunta do referendo que permitia a reeleição. A Comissão também negou a possibilidade de que Lula continue no Palácio do Planalto durante outros quatros anos, a coalizão "lulo-petista" considera que pode virar o jogo em outra votação, que será feita no Senado Federal ainda neste ano.
Sem embargo, os autores da modificação da proposta do Referendo, os legisladores Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) asseguram que o grupo governista não pode "violentar" as normas constitucionais para manter Lula no poder. "Não é possível nem mesmo se pensar modificar o que se aprovou, não se pode violentar tão dramaticamente as normas constitucionais e legais. É atentar violentamente contra os princípios constitucionais de um Estado democrático", disse Arthur Virgílio.
O Senado também já havia rejeitado no final de outubro incluir na reforma política um artigo que abria a possibilidade para uma segunda reeleição do atual governante. Depois da negativa da Câmara dos Deputados somente poderá conseguir a reeleição através de um referendo popular, para o qual já se estão recolhendo assinaturas e atualmente se estuda a realização no Congresso"
Quem acreditou nessa matéria?
Talvez muitos, porque a imprensa nacional tem corneteado durante meses essa possibilidade. Não só no Brasil, mas nos países latino-americanos que passam por “governos populistas” e com tendência “ditatorial”, como Venezuela, Bolívia, Paraguai e Equador.
Mas quem efetivamente apresentou a emenda que permitiria a reeleição foi o Álvaro Uribe, da Colômbia.
Com certeza não ficaremos sabendo disso através das bocas nervosas dos nossos comentaristas rococós. Com certeza essa notícia desmancharia os desejos de muitos incautos.
Leia a íntegra e a versão correta da reportagem aqui

24 de nov. de 2008

gente vip


Fernanda Pompeu

Somos nós e nossas influências. Pela vida, vamos aprendendo com os saberes alheios. Lembramos de alguns, pelas falas exatas. De outros, pelos silêncios precisos.
Faz três anos, saltei na garupa de uma picape 4x4 e subi ao Quilombo Kalunga, encravado na Serra Geral, em Goiás (quase divisa com Tocantins).
Lá conheci uma quilombola, de nome Procópia, com 70 e tantos anos. Líder comunitária apontava - como quem aponta para estrelas no céu - a direção das lutas. Analfabeta, trouxe a escola primária para o Quilombo. “Quando ouço a garotada lendo, morro de orgulho.”
Foi parteira por todo o sempre, por onde passa é saudada: “Benção, Mãe Procópia.” Sem pré-natal, sem ultra-sonografia, perdeu a conta de quantos ajudou a nascer. “Porque fazia ou a criança não nascia.”
Na década de 80, Procópia impediu a construção da Hidrelétrica Foz do Bezerra que inundaria as terras kalungas - terras onde a comunidade mora faz mais de 200 anos. Ela e a amiga Santina pegavam uma canoa no tortuoso rio Paranã e tocavam para gabinetes políticos em Brasília.
Perguntada como conseguiu engavetar a hidrelétrica, respondeu: “Minha filha, sempre me dirigi aos poderosos com verdade e firmeza no coração.” Só isso? “Não, também é preciso falar olhando no olho.”

Bacalhau a Gomes de Sácolada.


por Olmeca de Tlachtli – o 1º boleiro da história

O grande duelo entre duas das mais badaladas potências do futebol, foi uma festa, digamos, “cinco estrelas”.

Por que eu só vi uma seleção em campo, e essa (finalmente!!!), foi digna de vestir o sagrado manto amarelo. Você já percebeu que a seleção só gosta dos grandes jogos? Sempre que a colocamos diante de um timeco, ela naturalmente diz: O quê? Vou sujar o manto jogando Desafio ao Galo? Não! Eu quero é holofote, imprensa internacional, glamour e um desafio a altura e peso – não estou falando do Fofômeno - da minha camisa!

E foi exatamente o que ocorreu contra Portugal. Placar de jogo de tênis: 6 a 2. (Roda, roda, vira, solta, roda e vem…)

Kaká desfilou como um perfeito passista de escola de samba, regendo a bateria no recuo com soberba maestria. Já o “puto” – calma, em Portugal significa garoto, ok?- parecia estar apenas preocupado com os holofotes. Logo ele, que tem encantado o mundo com jogadas mirabolantes pelo poderoso time dos Reds, no futebol inglês.

Cristiano Ronaldo – ou Cristiano Sonaldo – não foi capaz de realizar um único lance de perigo, uma única jogada digna de melhor do mundo. O único jogador português que atuou da forma que todos nós esperávamos foi Simão Sabrosa. Esse jogador já me chamou a atenção na Copa de 2006.

E, para piorar ainda mais a vida da pátria irmã, Kaká teve a companhia endiabrada do Fabuloso, que fuzilou a Nau portuguesa com três tiros de canhão. Esse sim, um nome fortíssimo para ser o novo dono da camisa 9 da amarelinha.

Se o Dunga tiver um pai de santo para salvar sua pele, aposto que é o Pai Fabiano! (Mi zin fio!)

Kaká mostrou mais uma vez do que é feito um Melhor do Mundo. Um jogador top precisa antes de mais nada servir de exemplo para aqueles que se espelham nele. Kaká é tudo o que se espera de um grande craque: joga muito, faz gols, comanda a equipe, e fora de campo possui um comportamento digno de um monge budista.

Já o puto, é sem sombra de dúvida o grande jogador europeu da atualidade, que possui extrema habilidade, velocidade e faro de gol – matador!. Mas, a sua velocidade em falar bobagens é tão grande quanto seus dribles, talvez pela sua diarréia mental diária, com doses de noitadas (Blood Mary, please?) e um ego do tamanho de sua língua.

Qualquer um deles caíria como uma luva em qualquer time do mundo.

E se você, - imagine-se um Roman Abramovich - tivesse que escolher apenas um deles para seu time? Qual seria?

Nova Coluna


Curvai-vos todos ao primeiro. Sim, o primeirão!
Pelé? Não. Foi apenas um bom (diria ótimo) aprendiz daquilo que passei pelas gerações seguintes.
Maradona? Hum, deixa pra lá...
Eu sou aquele em que Charles Miller se inspirou para aprimorar o maior esporte do planeta: O futebol.
Eu sou aquele em que Leônidas da Silva pensou no momento em que deu sua primeira bicicleta.
Eu sou a mão que defendeu a cabeçada de Pelé – e a mesma que fez o gol da Argentina – em Gordon Banks.
Eu sou aquele que deu o primeiro canhão de Rivellino.
E
u sou aquele que ensinou Romário a ter a “manha” para fazer gols.
Eu sou aquele que ensinou Ronaldo Fenômeno a ser um fenômeno.
Eu sou aquele que ensinou Cafú a cruzar.
Eu sou aquele que ensinou o Telê a ensinar o Cafú, a...você já entendeu, né?

Eu sou o Olmeca de Tlachtli, o 1º boleiro da história do futebol.

17 de nov. de 2008

tiro no coração



por Fernanda Pompeu

Sempre quis reunir, em um livro, lembranças de testemunhas (no caso, radiofônicas) da morte de Getúlio Dornelles Vargas. Duas vezes no poder, uma como ditador; outra como presidente eleito. Também autor da célebre lorota “esse povo de quem fui escravo (...)”.
Contam que alguns cidadãos teriam se enforcado; outros, cortado os pulsos ao saberem da morte do governante. A verdade é que o povo chorou, sem o empurrãozinho da televisão pois, na época, era só para rico ver.
Ainda não fui capaz de levar adiante o projeto do livro (espero que nenhum navegador da ONG Pi roube-me essa excelente idéia). Ao menos, tenho o título: “Onde você estava?”
Eu não estava no planeta na fatídica manhã do 24 de agosto de 1954. Mas minha mãe preparava um merengue(era aniversário dela), quando a vizinha entrou e gritou: ele morreu!
Estava tão desesperada que minha mãe pensou que o marido da amiga, o Quinzinho, havia sofrido um desastre. Ainda em prantos, a vizinha completou a frase: Getúlio se suicidou no Palácio do Catete.
Nem preciso escrever que, nessa noite, ninguém saboreou o merengue.

14 de nov. de 2008

O congestionamento não pode parar


por Hector Plasma

Nesta terça-feira (11/11) uma linha de crédito de R$ 4 bilhões de reais foi liberada pela Nossa Caixa para as montadoras. Somados aos outros R$ 4 bi, liberados pelo Banco do Brasil, são 8 bi para financiar aquilo que toda cidade adora: congestionamento e poluição.

Na eleição municipal do pouco debate que houve, se houve, foram discutidas as soluções para o trânsito da cidade. E por unanimidade a saída é o metrô e transporte público.
Tanto foi que num show de pirotecnia política e inversão de prioridades o prefeito Kassab passou um cheque para o governador para 'ajudar nas obras do metrô'. Ressalta-se que o 'checão' de R$ 198 mi é insuficiente para construir 1 km de linha.

Contraditoriamente nunca se viu tamanha boa vontade e agilidade dos governantes para o transporte público como receberam as montadores.

Muito pelo contrário, as verbas para ele, durante anos foram cortadas em nome da gestão. Para se ter uma idéia, nos últimos 13 anos só foram construídos 1 km de metro, em média, por ano na cidade de São Paulo. O valor liberado pelo governo de São Paulo seria suficiente para construir 13 km, ou seja, em um só golpe foi destinado às montadores justamente
aquilo que a dinastia, ainda em curso, do PSDB destinou em 13 anos ao metrô.

Além disso o dinheiro premia novamente um setor que sempre ganha. Há dois meses a Anfavea bateu o pé e decidiu não cumprir o acordo da feito em 2002 para redução do enxofre no diesel de 500ppms para 50ppms prevista para 2009.

Tempos de crise sempre é a melhor hora de rever paradigmas.
Insistir no carro será sempre um grande erro.
Saiba mais
SP: Ajuda a montadoras criaria 13 km de metrô
Anfavea e o acordo



12 de nov. de 2008

Na Faixa


Uma listra pintada em sentido horizontal sobre o asfalto da rua, me avisa que naquele ponto é seguro atravessar de uma calçada para outra. Normalmente esta mensagem se apresenta com um forte ruído, na forma de um automóvel atravessado sobre ela.
Talvez o fato de a leitura da mesma faixa se dê na vertical para quem está dentro do automóvel dificulte o entendimento da mensagem.

10 de nov. de 2008

bumerangue



por Fernanda Pompeu

Minha tia Marlene, que não está mais por aqui, amanheceu um dia dizendo vou para Brasília. Foi antes da inauguração, quando a futura capital do país era um enorme canteiro de obras dando realidade aos sonhos de arquitetos, paisagistas e políticos.
Contam que os candangos e candangas (o pessoal que pôs a mão no barro vermelho e nas cuecas e shorts para lavar) deram um duro danado para erguer o plano piloto - o tal avião - que, uma vez pronto, os expulsaria para as cidades- satélite.
Contam também que o presidente JK era um homem feliz. Gostava de bossa-nova, da revista O Cruzeiro e de frases de efeito retumbante construir 50 anos em 5.
Foram fortes as críticas. A maior delas: de que a nova capital não teria esquinas. Viver em uma cidade sem esquinas é provar um caldeirão de feijão sem tempero. Tal crítica revelou-se infundada. Os brasilienses criaram suas esquinas, só que em formato diferente.
Assim como, em uma manhã, minha tia se foi; em uma noite, voltou. Trouxe para mim um presente. Uma pequena bota de louça, com uns 10cm de altura. Dessas em que cabem duas esferográficas bic apertadinhas. A bota era o símbolo da construção de uma cidade no meio do nada.
Passados tantos anos, quando o piloto brinda os passageiros com a aconchegante mensagem em poucos minutos aterrissaremos no aeroporto internacional Presidente Juscelino Kubitschek, a imagem da bota me assalta o coração.

6 de nov. de 2008

Oh!Bama!

não importa
se é preto ou branco
democrata ou republicano
ainda assim
continua americano

Obama nas Alturas


vamos ver...

5 de nov. de 2008

Surpresa

por Fernanda Pompeu

5 de novembro
Amanheço com a confirmação: Barack Obama presidente dos Estados Unidos.
Um negro na Casa Branca. Se há um ano alguém me falasse nessa posibilidade, eu perguntaria: "Você acredita em Papai Noel?"
Continuo sem acreditar em Papai Noel. Mas cantarolo uma letra de salsa: "a vida terá surpresas, surpresas terá da vida".
Hoje, volto a crer que mudanças culturais profundas não são utopias.
É isto aí: os norte-americanos fizeram um golaço pelo time da utopia.
Quem diria!

Nova Coluna


Baú sem Fundo na ONG Pi
Baú é lugar para guardar coisas imprestáveis que amamos. Sem fundo remete a infinito e à falta de dinheiro. Misture reminiscências, infinitudes, falta de verba e você chegará até a Fernanda Pompeu. A coluna contará paisagens político-culturais vividas (e, às vezes, inventadas) dos séculos XIX e XX. Mas Baú sem Fundo também se amarra no presente e morre de saudades do futuro.

o mundo era simples



por Fernanda Pompeu

Em 1971, eu tinha quinze anos, morava no Rio de Janeiro. Além do mar, das montanhas, do barquinho e do violão, sofríamos com o fascismo da ditadura militar. Excetuando o futebol e o sexo dos anjos, ninguém podia debater livremente sobre nada. Quer dizer, até podia, mas virava suspeito de subverter a ordem e o progresso. O país parecia ter apenas dois lados. Tudo cabia em duas gavetas.
A gaveta da direita tinha: EUA, burguesia, Nelson Rodrigues, O Globo, chiclete, padre com batina, Roberto Carlos, Coca-Cola. A da esquerda enfileirava: URSS, proletariado, Dias Gomes, Jornal do Brasil, rapadura, padre sem batina, Chico Buarque, Guaraná.
Mas havia um jornal - autodenominado O Pasquim (na raiz da palavra, jornaleco) - que, aos meus olhos, fugia das gavetinhas. Seus colunistas, chargistas, convidados eram francamente contra a ditadura militar que, por sua vez, vivia censurando a publicação. No entanto, a turma do Pasquim destoava de um certo mau-humor de esquerda. O jornaleco possuía um dom raríssimo para a época e para os dias de hoje: era irreverente.
Ao mesmo tempo que clamava pela democracia, entrevistava o Madame Satã (o que nenhum jornal de esquerda sério pensaria em fazer). O jornaleco também tirou o terno e a gravata de textos e ilustrações. Leia a lista de alguns craques: Tarso de Castro, Paulo Francis, Sérgio Augusto, Ivan Lessa, Jaguar, Millôr, Ziraldo e o indelével Henfil.
Recordo a sensação subversiva de comprar o Pasquim na banca da Praça XV e me instalar na barca Rio-Niterói. Eu dividia meu olhar entre a exuberante baía de Guanabara e as páginas de um jornal que, na minha paixão juvenil, era o mais importante do mundo.

Análise das Análises

Por Hector Plasma*

As orquestras de analistas tocaram em uníssono: Serra foi o grande vencedor das eleições municipais de 2008. Vencedor do que?

Um vencedor, pela acepção da palavra, deve superar algo. Quais obstáculos Serra superou? Certamente o único foi ter soterrado seu companheiro de partido Geraldo Alckmin. E só.
Basta comparar os dados das últimas eleições municipais para se notar resultados diferentes. Quem sistematicamente têm vencido são os principais partidos da base aliada do governo Lula, ao passo que os principais partidos de oposição, aqueles que Serra fechou aliança em São Paulo, estão minguando no aspecto político nacional.
Estranhamente esse cálculo não foi feito pelos analistas de plantão. Preguiça, ou alergia à poeira dos arquivos?



Se for aplicada aquela lógica que eleição municipal será um dos reflexos da presidencial de 2010 fica claro que a vitória de Serra não existiu.
O PSDB teve um encolhimento de quase 10% no total de prefeitos eleitos, o DEM diminui 37% e o PPS encolheu 58%. Deve-se ressaltar que o PPS só teve um crescimento de quase 100% entre as eleições de 2000 e 2004 porque naquela época era da base aliada do governo Lula.



Em contrapartida os principais partidos da base aliada só cresceram. O PT teve 43% a mais de prefeitos eleitos em relação a 2004. O PSB cresceu 80% e o PC do B quadruplicou.
O PMDB manteve-se como o partido que mais elegeu prefeitos, tanto em 2004 e 08, e ampliou sua base em 14%.
No total, a oposição perdeu 28% das prefeituras que tinha em 2004, ao passo que a base dos partidos aliados cresceu 27%.



Portanto qual foi a vitória de Serra anunciada pelos analistas? Ter-se aliado ao PMDB do Quércia, hoje um cacique isolado? Ter vencido a Marta com toda sua rejeição na cidade de São Paulo?

Alguém tem uma pista?

* Um fantasminha que adora arquivo morto.

31 de out. de 2008

Hoje

Com tantas bruxas à solta o melhor mesmo neste 31 de outubro é celebrar o Saci Pererê. Afinal, o Halloween representa o que existe de pior na geopolítica, uma invasão cultural sem precedentes e o seqüestro do nosso imaginário.
O Saci foi lançado candidato a mascote da Copa de 2014. Teve quem bateu palmas, teve quem botou pra fora uma tonelada de preconceitos. Um perneta pra mascote de campeonato de futebol? Um negrinho que fuma? O Saci tem uma perna só, que usa com destreza e agilidade, e nem precisa da outra, para o arrepio das fábricas de chuteiras como a Nike. E se fuma, qual o problema? Tabaco faz mal para a saúde dos seres humanos, não dos mitos como ele.
Viva o Saci Pererê, duende genuinamente brasileiro, legítimo representante da nossa cultura popular, alegre e brincalhão.

Vladimir Sacchetta, saciólogo

Sacis, sim sinhô!




alguns exemplares criados por gente acima de qualquer suspeita
Ziraldo, Lobato, Tarsila e Angeli

27 de out. de 2008

A BIENAL ESTA AÍ. E DAÍ?


por GABRIELA LAURENTIIS na Caros Amigos de Outubro

Não sabemos exatamente como será a 28ª edição da Bienal de São Paulo, uma das mais badaladas do mundo, com mais de meio século de existência. Mas sabemos que, tendo à frente um presidente sem legitimidade, ela custará 10 milhões de reais, em vez de artes plásticas apresentará “discussões”, peças de teatro, artistas performáticos, música, cinema, e terá o segundo andar inteirinho vazio.

Entre 26 de outubro e 6 de dezembro de 2008, quando entrarmos na 28ª Bienal de São Paulo, ao contrário das outras 27 edições, não encontraremos os famosos pavilhões do Ibirapuera cheios de obras de arte.
Decepcionante, essa é a melhor palavra para descrever a próxima Bienal. De dois em dois anos São Paulo é palco de um dos maiores eventos de arte do mundo, com obras de artistas brasileiros e internacionais.
Para aqueles acostumados a entrar no primeiro andar da Bienal e logo de cara ver diversas obras expostas, este ano será frustrante: no lugar de arte, haverá uma livraria, pontos de encontro, banheiros e lanchonetes. Os caixilhos e vidros que fecham o térreo e o primeiro andar serão removidos, dando lugar a uma praça, também sem obra de arte alguma. É verdade que ali ocorrerão discussões, apresentações teatrais, musicais, perfórmances, sessões de cinema. Mas a Bienal de São Paulo não é uma mostra que pretende expor artes plásticas?

Claro, podemos dizer que o conceito do que sejam artes plásticas mudou e não se restringe mais a pintura e escultura. Contudo, o que a 28ª Bienal sugere é que elas deixaram de existir, e agora tudo se resume a vídeo-arte e instalações.

21 de out. de 2008

Ado, ado, ado. Cada um no seu quadrado



Hector Plasma, um fantasminha tirando esqueletos do armário.

GATE da PM ou GOE da PC?

Mais do que uma sopa de letrinhas estamos falando de competências. Ou como se diz por aí, 'ado, ado, ado, cada um no seu quadrado'.

Segundo o site da PM o Gate é um grupo especializado em "agir como tropa de choque em situações específicas, tais como patrulhamento a pé e radiopatrulhamento com cães, operações de busca de pessoas desaparecidas, busca e captura de marginais, periferia da região metropolitana. Policiamento executado por ocasião da realização de detecção de tóxicos, policiamento montado em atendimento às áreas de maior incidência criminal, enfaticamente em eventos esportivos, artísticos, culturais e religiosos, nos principais estádios e ginásios de esportes".

O GOE da Polícia Civil é um grupo de elite preparado para "prestar auxílio às unidades policiais convencionais em ocorrências de alto risco, intervenção em ocorrências policiais com reféns e rebeliões no sistema prisional" [grifos meus].


Fica claro que o grupo específico para o caso de Santo André era o GOE, da Polícia Civil. Mas ela está em greve há mais de um mês. Será que não foi chamada por causa disso?

Contraditoriamente, o GOE foi acionado pela cúpula da Segurança Pública para conter as manifestações dos grevistas da Polícia Civil. Deu no que deu.

Quem vai perguntar para Zé Serra, o último dos coronéis, o motivo pelo qual o GOE não assumiu a ocorrência?

20 de out. de 2008

O grande vídeo-game



Por Carlos Eduardo Entini

Com certeza Lindemberg nunca teve um Nintendo ou aparelho semelhante. Em compensação, ninguém nunca teve um vídeo-game como ele, no qual uma partida pôde durar 100 horas e com tamanha realidade. It's show time!


Discute-se a ação da polícia, se deveria ter agido antes ou se um tiro do sniper teria resolvido a questão.
O que não se discute é o show montado pela imprensa. Como teria sido o desfecho se tivesse sido proibida a filmagem do local e da movimentação da polícia? Qual foi o peso que ela deu no resultado?

Muitos podem questionar que a proibição da transmissão ao vivo seria um atentado à liberdade de imprensa. Mas nem todo o direito é absoluto, mesmo os constitucionais.

Com todo o show montado, Lindemberg fez do telefone joysticke. A cada telefonema, no caso jogada, ele podia sentir a reação na televisão e rádio. Ele tinha todo o controle.

Agora sabe-se de uma jogada que talvez teria dado outro desfecho ao caso: ele concordou em soltar as reféns e se entregar caso o promotor divulgasse uma carta em que se comprometia a pedir uma pena leve e que ela fosse lida pelo jornalista da Record Reinaldo Gottino (leia APRESENTADOR DA RECORD PODERIA RESOLVER O SEQÜESTRO? O QUE DIZ SERRA?)

Ou seja, a polícia, a única preparada para esses casos, torna-se o terceiro refém. Naquele momento um repórter surgia como o negociador. É um poder (o 4º?) assumindo outro que não lhe compete (o do 1º).

Os comandantes da operação permitiram, mas instâncias superiores não. Ainda não se sabe quem.

Ficou claro é que um crime - quantos desse não acontecem por aí a fora? - foi transformado em comoção nacional e deu ao criminoso a prerrogativa de controle e pior ainda, deixou a polícia coadjuvante entre o crime e o espetáculo. Ganharam os dois.

Cansado de jogar, restou a Lindemberg queimar as duas vidas que tinha e GAME OVER!

15 de out. de 2008

No jardim do vizinho



Uma boa idéia começa a ser concretizada na Inglaterra. Resta saber para quem.

Gordon Brown, primeiro-ministro da Inglaterra, acaba de receber um relatório sobre a criação de um fundo para pagar os 'donos das florestas' para que eles as mantenham vivas. O fundo seria uma alternativa barata para os países ricos compensarem suas emissões de carbonos. À primeira vista tem lógica: eles compensam aquilo que produzem. Mas resta perguntar aos "donos das florestas" quais serão as restrições em suas florestas. Além do mais, não seria uma intromissão nos países 'donos das florestas'?

Quem mata a charada é Andy Tait, do Greenpeace. Segundo ele, se Brown aceitar essa lógica poderá ser dado o verde para as indústrias usarem o fundo como álibi para continuarem com os atuais níveis de poluição.

Porém, o principal ponto dessa notícia não é o relatório, mas sim quem o fez. O dono da idéia é o milionário sueco Johan Eliasch que possui o equivalente à cidade de São Paulo em terras na Amazônia.

Essas idéias confirmam a máxima que o quintal do vizinho é sempre o mais verde.
Para ler a matéria clique aqui
Sobre o perfil de Johan Eliasch

Hector Plasma- um fantasminha camarada

10 de out. de 2008

Vestibular para um novo tempo


Agora que sabemos tudo ou quase tudo sobre 'subprime' e outras macumbas de Wall Street, podemos fazer um teste de conhecimentos que talvez caia nos próximos vestibulares.
Quem é o autor dessas frases?

Os EUA devem "se liberar da era Reagan em relação aos impostos e a regulação. A baixa dos impostos é uma idéia sedutora, mas ela não estimula necessariamente o crescimento e o autofinanciamento"

"A desregulamentação pode se revelar, como vimos, extremamente custosa."

"Mesmo nos EUA, os inconvenientes da desregulamentação estavam bem claros antes do naufrágio de Walll Street. Durante a última década as desigualdades não pararam de crescer nos EUA, porque os benefícios do crescimento atingiram, antes de tudo, os mais ricos e ao mais escolarizados, enquanto os ganhos da classe trabalhadora estagnaram"

"A economia americana descarrilhou, ameaçando levar o resto do mundo à catástrofe. O pior é que o culpado é o próprio modelo americano, obcecado pelo mantra de sempre: menor intervenção estatal. Washington negligenciou a regulamentação do setor financeiro e o deixou causar um dano considerável ao resto do mundo"

a) O verborrágico coronel Hugo Cháves
b) O índio cocaleiro Evo Morales
c) Francis Fukuyama, que fim deu?
d) O idéologo das classes médias, Ali Kamel
e) Ninguém diria uma besteira dessas

A resposta está aqui

Hector Plasma - Um fantasminha camarada.

8 de out. de 2008

coluna


Enquanto o capitalismo de papel de Wall Street vira pó, um outro tenta se levantar das cinzas

por Hector Plasma

Desde o governo Clinton, os acordos de livre comércio vêm desregulamentando o setor produtivo norte-americano. O resultado foi o sucateamento de boa parte da indústria manufatureira dos EUA. De panelas a carros quase tudo é produzido fora, sobretudo na China. Para os neo-liberais isso é o supra-sumo da concorrência, a depuração do capitalismo. Ficam os fortes e morrem os fracos.

Mas tem o outro lado, aquele que sempre paga a conta. E para esses as coisas tem outro nome, concorrência desleal.

É o que leio, em uma reportagem do Le Monde, o sindicalista Pat Sweeney, de Michigan, tentando colocar as idéias no lugar.

Ele é testemunha da canibalização da produção. Ex-funcionário da GM viu os postos de trabalho na sua unidade caírem de 6 mil, em 1984, para os atuais 2.650. "Quando alguém coloca uma bandeira dos EUA em um carro japonês eu fico doente", desabafa.

O que fazer então? Segundo ele, "fazer um esforço gigantesco para recolocar a indústria no centro do nosso sistema econômico" e "devolver a prioridade ao trabalhador americano. Nós nos transformamos em um povo consumidor de produtos fabricados por outros". Em outras palavras, ele está pedindo aquilo que no Brasil é um sacrilégio só de pensar: regras protecionistas.

Ele explica a lógica. "Se impomos à China e ao México o direito a salários e uma qualidade de produtos equivalentes ao nosso no final das contas eles terão salários sub-valorizados. Eu sou a favor de uma mundialização onde o trabalhador do terceiro mundo alcance o meu nível de vida, não àquele onde meu nível é progressivamente rebaixado ao dele."

Pode-se argumentar que é uma voz solitária vinda de um rincão dos EUA, mas Sweeney traz algumas verdades, sobretudo que o capitalismo ainda é feito com mercadorias, não com derivativos e outras papagaiadas de Wall Street. Além do mais, serão os rincões dos EUA que decidirão as eleições.
Para ler a íntegra (em francês)

Nova Coluna

A partir de hoje, o início do fim do mundo, um espírito vai baixar por aqui. Trata-se de Hector Plasma. Ele terá a função importantíssima de trazer do além aquelas notinhas e informações que andam pairando por aí mas não se materializam nos jornalzões, nem nas telinhas, para não desequilibrar as cabecinhas da opinião pública verde-amarela.

7 de out. de 2008

6 de out. de 2008

3 de out. de 2008

29 de set. de 2008

Gol



dois anos do acidente da Gol, os radares
da Amazônia estão melhores?

impressões sobre/sob um viaduto 2

28 de set. de 2008

24 de set. de 2008

crise

Quer entender a crise?


Esta eu peguei no blog do meu amigo Sérgio Davila da coluna do Fernando Canzian no Folha Online, de autoria desconhecida. Confuso? web 2.0 é isso aí.

"O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.
Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).
O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de 'emibiêi', decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.
Uns seis 'zécutivos' de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.
Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).
Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.
Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia desmorona.