8 de out. de 2008

coluna


Enquanto o capitalismo de papel de Wall Street vira pó, um outro tenta se levantar das cinzas

por Hector Plasma

Desde o governo Clinton, os acordos de livre comércio vêm desregulamentando o setor produtivo norte-americano. O resultado foi o sucateamento de boa parte da indústria manufatureira dos EUA. De panelas a carros quase tudo é produzido fora, sobretudo na China. Para os neo-liberais isso é o supra-sumo da concorrência, a depuração do capitalismo. Ficam os fortes e morrem os fracos.

Mas tem o outro lado, aquele que sempre paga a conta. E para esses as coisas tem outro nome, concorrência desleal.

É o que leio, em uma reportagem do Le Monde, o sindicalista Pat Sweeney, de Michigan, tentando colocar as idéias no lugar.

Ele é testemunha da canibalização da produção. Ex-funcionário da GM viu os postos de trabalho na sua unidade caírem de 6 mil, em 1984, para os atuais 2.650. "Quando alguém coloca uma bandeira dos EUA em um carro japonês eu fico doente", desabafa.

O que fazer então? Segundo ele, "fazer um esforço gigantesco para recolocar a indústria no centro do nosso sistema econômico" e "devolver a prioridade ao trabalhador americano. Nós nos transformamos em um povo consumidor de produtos fabricados por outros". Em outras palavras, ele está pedindo aquilo que no Brasil é um sacrilégio só de pensar: regras protecionistas.

Ele explica a lógica. "Se impomos à China e ao México o direito a salários e uma qualidade de produtos equivalentes ao nosso no final das contas eles terão salários sub-valorizados. Eu sou a favor de uma mundialização onde o trabalhador do terceiro mundo alcance o meu nível de vida, não àquele onde meu nível é progressivamente rebaixado ao dele."

Pode-se argumentar que é uma voz solitária vinda de um rincão dos EUA, mas Sweeney traz algumas verdades, sobretudo que o capitalismo ainda é feito com mercadorias, não com derivativos e outras papagaiadas de Wall Street. Além do mais, serão os rincões dos EUA que decidirão as eleições.
Para ler a íntegra (em francês)

11 comentários:

Anônimo disse...

Vai ser difícil desfazer o vínculo dos EUA com a China, eles estão totalmente amarrados com ela. A China é um dos maiores detentores de títulos públicos dos EUA. É só eles começarem a vender para os EUA irem para o saco.

Anônimo disse...

Manda o Lula pra lá, a gente resolve dois problemas com uma cajadada só: se livra do Lula e dos produtos chineses!

Anônimo disse...

Recentemente estive em Michigan e testemunhei o tsunami que passou pela região. São galpões e galpões abandonados. Em contrapartida é possível comprar um camiseta por US$ 1,00. Vinda de onde? Da China. Os EUA deram um tiro no pé.

Anônimo disse...

What seems to me is that north-american jobs were "exported" to wherever there were slave-like working conditions, searching for the lowest costs, to offer the lowest prices for consumers. However, in doing so, the most important consumers in the world lost their jobs, and wouldn't be able to pay their debts anymore. Conclusion: the workers are the consumers, and shouldn't be thought as separate issues. The solution: First world countries should stop buying goods from industries that wouldn't respect a minimal standard of payments/benefits/rights for their workers. This would return work-places to north-american workers (which have probably much more efficient administrations), and their conditions to consume again. And, plus, that would raise the quality of life of workers all over the world. All this based on a new ethics of price making and competition in business: to pay the least possible within decent standards of dignity. Which seems simple, logic, and good for everyone in the world. And could solve the real and hard causes of the present crisis.

Anônimo disse...

Pois é Hector,
O mundo virou de cabeça para baixo. Lá em Londres se você fazer uma caminhada e economizar o dinheiro da passagem, dá para comprar uma camiseta chinesa. Tá assim velho!
Mas deixa o Divino em paz, deixa Marx tirar uma soneca. O Luxemburgo ta aí na parada, põe fé no Verdão véio!

Anônimo disse...

quiz dizer "se você fizer"

Anônimo disse...

O verdão é como o dólar, sobe aos poucos e cai de uma vez! Nem nesse dá para confiar.

Anônimo disse...

eu vou pra Ìndia!!

Anônimo disse...

crise? que crise?

Anônimo disse...

Somos reféns da China. Vcs acham que as massas iriam consumir seus perduricalhos e cacarecos se não fossem feitos lá?

Babilônico disse...

Aproveitando o gancho, tá aí um site sobre o futuro todo poderoso da américa do norte:

http://www.iftheworldcouldvote.com/

será que um deles vai mexer na panela do angú de wall street?