25 de mai. de 2009

Da estranha arte de largar o jornal


Da estranha arte de largar o jornal

Hector Plasma

Desde que me conheço como gente ele sempre esteve ao meu redor. Em casa, quando alguém queria argumentar algo, ele era a prova do fato.

De uns tempos para se tornou descartável. E não é culpa da internet.

Cada vez que abro os grandes jornais é visível o isolamento em que se meteram. Sei do que acontece nas esquinas de Cabul, mas não sei sobre a minha. Sei sobre cada xícara derubada em Brasília, mas não sei o que acontece na minha cidade.

Além disso, a quantidade de opiniões e colunistas é asfixiante. Para piorar elas são sempre as mesmas. muda a casca.

Sem falar nos editoriais. Há algo mais cafona do que a voz dos donos dos jornais? Talvez seja comparável ao uso de chinelo com meias.

Cansei de me perguntar para quem eles escrevem. E me vem uma resposta: para eles mesmos.

Salvo raras exceções, o jornalismo é feito por um grupo coeso (amigos dos amigos) que pensa São Paulo como o centro do mundo, e essa São Paulo se restringe ao centro expandido, ali por onde eles andam.

O restante da realidade da cidade existe nos cadernos de polícia.

Os donos de jornais deveriam agir como age a indústrias do tabaco e do álcool. Por mais que essas substâncias sejam condenadas, elas sempre criam um meio para estarem em cena. Ora inventando produtos, ora criando conceitos para não serem esquecidas.

Nunca pensei que dos meus hábitos o jornal seria o primeiro a ser largado.

3 comentários:

Irineu Barreto disse...

Também brigo com a realidade ao tentar manter o hábito da leitura do jornal. Aspectos factuais, já os sei. Opiniões? Discordo de todas! Esporte? Quase nada no jornal que leio! Pior é essa geringonça eletrônica que pretendem substituirá o papel, uma placa luminosa que atualizo com notícias pela internet!! Pergunto: Se deixar no banheiro de casa estraga???

martha disse...

tenho a impressão que os jornais estão virando, ou viraram?, uma grande sessão de classificados deles mesmos.
muito boa a matéria, Hector.

martha disse...

para os desavisados, a ´"sessão" que me refiro acima é essa mesmo, "sessão para ser assistida".