14 de abr. de 2009

Você não entende nada...



Texto: Fórina

De um curso para professores de inglês em que a maioria dos trainees eram locais aqui na terra em que ainda há uma rainha, me sobrou a impressão de que o desconhecimento a respeito da natureza da linguagem é muito mais disseminado e provavelmente nefasto do que muitos de nós podem ou querem perceber.
Eu poderia falar do mesmo assunto a partir de vários exemplos colhidos aí na terra onde o Tupi (ou a Língua Geral) teria possivelmente se estabelecido como a língua nacional, não tivesse o seu uso sido proibido pelo Marquês de Pombal – será daí que vem o medo tão grande de “falar errado”? Mas falar do ponto de vista de um conterrâneo que sofre as consequências do fenômeno em terra estrangeira deve gerar maior empatia... pois bem, e não é que com toda a variedade de dialetos existente não só na ilha, além daqueles relativos aos países que tem o inglês como língua oficial, a idéia de que há um (único) jeito “melhor” de falar ainda triunfa por aqui? E que a “incapacidade” de utilizar tão nobre variedade é na verdade um atestado de ignorância com relação a assuntos gerais?
Que eles tenham birra com os americanos é até compreensível, mas a antipatia se estende em direção a qualquer dialeto que seja diferente do falado pelo portador da opinião, frequentemente irresoluta – e imaginem em que posição ficará o estrangeiro, por mais que tenha passado anos e anos a estudar sua sacrossanta língua. Mas a idéia é encravada, tanto que se você pede ajuda com o significado de uma palavra nova – digamos que tenham usado um termo a que você não estava acostumado para se referir a flores em botão, receberá uma aula em botânica, como se nunca tivesse compartilhado o mesmo espaço do que um vegetal na vida.
Pois é boa a lição para aqueles que se “recusam” a entender o que é falado, em sua própria língua, com sotaque ou vocabulário assim ou assado, ou aos que perdem anos tentando emular os tais “falantes nativos” só para descobrir que para tantos deles chamarão bem mais a atenção as diferenças do que as semelhanças, para o bem ou para o mal...

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