3 de abr. de 2009

superstição fashion



Fernanda Pompeu

Até hoje tenho a conchinha surrupiada da praia do Lido. Brasileira que sou, uso como amuleto. Ela fica na base do meu monitor LG, 17 polegadas.
Quando eu a vi, fiz a cena: se Thomas Mann pensou nessas areias para escrever Morte em Veneza – na minha leitura, um dos mais belos livros – deixe eu pegar um fluidozinho local para inspirar minhas páginas ignorantes.
Naquela manhã, quando tomei o vaporetto, nas redondezas da Piazza San Marco, para o Lido, minha intenção era conhecer o hotel onde Luchino Visconti filmou Morte em Veneza – no meu olhar, um dos mais belos filmes.
Aprecio, no livro e no filme, a história do velho artista que se apaixona por um adolescente fulgurante e morre a melhor morte possível: sentado em uma cadeira de frente para o mar.
Segundo meu gosto carioca, o Hotel des Bains não é páreo para o Copacabana Palace. A praia do Lido é sombria e o Adriático não convida ninguém para esbaldar-se nele.
Mas isso são filigranas. Estar no Lido, reverenciando o livro de Mann e o filme de Visconti, foi uma emoção vigorosa. Leitora e cinéfila, que habitam em mim, ficaram orgulhosas.
Literatura e cinema – que banquete! Foi então que topei com a conchinha – pequenininha e feiinha – mas com um poder de evocação imenso.
Pronto. Termino este texto e toco no amuleto. Amanhã tem mais, ele diz.

5 comentários:

rachel moreno disse...

Tenho uma conchinha num vestidinho azul que usei, em priscas e felizes eras. Guardo ambos, como memória e amuleto... Não tão intelectual, mas poderosamente afetivo... e mágico!

Fernanda Pompeu disse...

Querida Rachel,
Bem-vinda por aqui.
Abraços, Fernanda

Anônimo disse...

Fernanda,
Gostoso de ler, faz pensar, recordar.
Beijos, Cláudia

Anônimo disse...

belo passeio aquele nosso...
legal saber da conchinha
beijo e até sábado
love
ma

Fernanda Pompeu disse...

Ma,
Belo passeio sim, mais belo ainda porque rendeu um texto para leituras.