16 de abr. de 2009

Adriano, o Lúcido


Adriano, o Lúcido




por Hector Plasma

Mais importante dos que os feitos dos reis, imperadores e tiranos, está o adjetivo que a história lhes cunham.

O czar Ivan foi coroado como "o Terrível", pois não media esforços para atingir seus objetivos.
Vlad, recebeu o título de "o Empalador". Para unificar a Valáquia, segundo o mito, não poupou crueldade e empalava seus inimigos e prisioneiros.

Adriano, já pode levar o adjetivo de 'O Lúcido". Não matou ninguém, nem sequer derramou uma gota de sangue. Fez pior, rompeu com o império do show bussiness e da mídia corporativa.

Fez o impesável.

Quando decidiu parar, a mídia corporativa não mediu esforços para explicar seu ato. Compôs versões e escalou um pelotão de psicólogos e psiquiatras para justificar a "confusão mental" vivida pelo craque.

O ato de Adriano, o Lúcido, é revolucionário. Imagine se as pessoas comecem a tomar consciência da máquina de moer carne em que vivemos. Imagine se seu chefe engravatado, repleto de MBA's e línguas estrangeiras, perceba que o trabalho não tem sentido e que a verdadeira vivência está em sua comunidade, o que aconteceria?

É o rompimento.

Mas, ao meu ver, o que Adriano, o Lúcido, fez mesmo foi um ato estético ao cristalizar o que poetou Álvaro de Campo (Fernando Pessoa) na "Passagem das Horas":

A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.


Adriano, o Lúcido, cometeu o maior pleonasmo que poucos seres teriam coragem, saiu para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas.

Ad vitam aeternam Imperador!

Um comentário:

Irineu Barreto disse...

Hector, o Adriano está mais para Macunaíma do que para Imperador! Mimado, adulado pela mídia, dodói, não quer mais brincar!!!
Contrato? Compromisso? Oras, ele está infeliz e que tudo vá às favas! Adoro Macunaíma, mas que ele é um herói sem caráter, há, isso ele é...