4 de fev. de 2009

baila comigo



Fernanda Pompeu

A aventura foi a trabalho. A missão: escrever uma reportagem.
Quando o barco deixou Macapá, as águas estavam serenas. Lentamente, a cidade foi perdendo a silhueta, tornou-se um pontinho, desapareceu. Aí, o caminho virou só rio, ladeado pela floresta.
De repente, na Amazônia tudo é de chofre, o rio agitou-se. O cozinheiro – o barco tinha uma cozinha na popa – comentou: é a maresia. Passamos a sacolejar. As ondas batiam no costado, uma vez, cem vezes. Ficamos encharcados.
Para me acalmar, olhava para a floresta. Calculava, se fôssemos a pique daria para nadar até a margem. Bobagem. A terra firme estava distante; a correnteza, poderosíssima e meu nado é estilo cachorrinho.
Saber que avançávamos em direção ao oceano, disparava minha adrenalina. Imaginava meu corpo partindo-se de encontro à pororoca. Mas, no auge da agitação, tudo mudou. O barco pareceu fluir nas águas de um vasto, manso, silencioso lago.
Dezoito horas depois da partida, chegávamos ao nosso destino. Um arquipélago - formado por oito ilhas - na foz do Imenso. Percebi que nenhum conjunto de palavras daria conta de descrever o tamanho da beleza.
A começar pelo nome do arquipélago, Bailique. Porque as ilhas bailam pela força do encontro do Amazonas com o Atlântico.

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