17 de ago. de 2009

trama






Fernanda Pompeu


Não sou dessas que caem no conto de que as coisas do passado são melhores. Tento me vigiar para não dizer “na minha época”, “no meu tempo” etc. Não comungo com o corporativismo cinquentão que transforma jovens em tolos, nem com a empulhação publicitária que os transforma em deuses. Tenho para mim: nenhuma geração é melhor ou pior do que outra. São apenas diferentes.
Apesar dessa ditosa coluna trazer no nome a palavra Baú, detestaria que a tachassem de saudosista ou passadista. Verdade, para escrevê-la olho pelo espelho retrovisor aparafusado no presente. Faço isso pelo genuíno prazer de contar histórias.
Convenhamos, só podemos narrar o que já aconteceu (mesmo quando imaginamos épocas vindouras). A escrita é a prova irrefutável de que o presente não existe. Tal tempo é a mais sofisticada abstração que o ser humano é capaz. Finalizada uma frase, ela está no passado. Acabado um verso, ele é pretérito.
Também não sou daquelas que se entusiasmam com o futuro. Aquelas que mitificam o que ainda não existe. Não acho que o futuro nos justificará ou que dará conta de responder às nossas grandes perguntas.
Confesso, até, um certo temor acerca do porvir. Tenho medo de cartomante, horóscopo e tarô. Jamais faria – se houvesse – um exame de DNA para saber de que e quando vou morrer.
Prefiro isto: sentar-me diante do monitor LG, afiar as unhas no teclado Pleomax e acreditar que não findarei antes desse texto terminar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Roberval disse....
Fernanda
Trabalho no SUS pela manhã e você tem razão pois não vale a pena pensar em doença e ninguém sabe o dia ou hora em que vai morrer ou adoecer.Não vale a pena! Bjs.