Fernanda Pompeu
Décadas vividas nos permitem colecionar tipos interessantes ou, ao menos, curiosos. No topo da minha lista de figuras estranhas, está uma mulher nascida num galpão de candangos, por ocasião da construção de Brasília.
Aurora era seu nome de pia. Mas todos a conheciam como Página Humana. Sua expertise: alimentar-se de palavras. Não no sentido figurado ou alegórico. Página devorara letras fisicamente.
Numa das minhas viagens ao DF, sempre a trabalho, fui almoçar no saboroso Feitiço Mineiro (CLN, Bloco B, Lojas 45/51). Testemunhei a cena: a mulher desdobrou um exemplar do Correio Braziliense e mordeu suas folhas. Aproximei-me a tempo de vê-la cuspir as fotos e todos os números.
Ao decodificar minha expressão, entre incrédula e maravilhada, não se fez de rogada, seguiu triturando lentamente as seções do diário.
Puxei diálogo. Ela explicou: no café da manhã, prefiro a Caras, pois tem poucas palavras. O jornal reservo para o almoço, muitos jornalistas são hábeis em encher linguiça.
E no jantar? Aí, estou em casa. Sem estresse, escolho um bom livro, preferencialmente literário, e degusto-o lenta e prazerosamente.
Décadas vividas nos permitem colecionar tipos interessantes ou, ao menos, curiosos. No topo da minha lista de figuras estranhas, está uma mulher nascida num galpão de candangos, por ocasião da construção de Brasília.
Aurora era seu nome de pia. Mas todos a conheciam como Página Humana. Sua expertise: alimentar-se de palavras. Não no sentido figurado ou alegórico. Página devorara letras fisicamente.
Numa das minhas viagens ao DF, sempre a trabalho, fui almoçar no saboroso Feitiço Mineiro (CLN, Bloco B, Lojas 45/51). Testemunhei a cena: a mulher desdobrou um exemplar do Correio Braziliense e mordeu suas folhas. Aproximei-me a tempo de vê-la cuspir as fotos e todos os números.
Ao decodificar minha expressão, entre incrédula e maravilhada, não se fez de rogada, seguiu triturando lentamente as seções do diário.
Puxei diálogo. Ela explicou: no café da manhã, prefiro a Caras, pois tem poucas palavras. O jornal reservo para o almoço, muitos jornalistas são hábeis em encher linguiça.
E no jantar? Aí, estou em casa. Sem estresse, escolho um bom livro, preferencialmente literário, e degusto-o lenta e prazerosamente.
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