27 de jun. de 2009

considerando






Fernanda Pompeu

Nasci dez anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Para os cachorros, dez anos é a terceira idade. Para a história, representa a milésima parte de um grão de segundo.
Cresci ouvindo ecos da Grande Guerra. Minha mãe contava dos blecautes programados e providenciais para os namorados. Meu pai relatava os afundamentos dos navios brasileiros Baependi, Araraquara, Anibal Benévolo, Itagiba, Arará na costa de Sergipe.
Anos depois, preconceitos contra descendentes de germânicos, italianos e japoneses sobreviviam nos recreios das escolas cariocas. Lembro do Werner, neto de alemães, exilado das nossas brincadeiras.
Do rescaldo dessa cultura belicosa, ficou gravada a expressão Dia D. Para os muito jovens, informo: foi a data em que os aliados desembarcaram numa praia da Normandia, libertando a França da ocupação nazista. O começo do xeque-mate ao Terceiro Reich.
Hoje, uso com gosto a expressão. Chamo Dia D quando apresento um trabalho. Quando pego o resultado de um exame médico ou rodo a baiana. Em miúdos, Dia D é sinônimo de hora da verdade.
Também considero Dia D toda manhã de quinta-feira. No momento em que a tela do monitor acende seu clarão e me convida a escrever um Baú sem Fundo para você, caro leitor.

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