2 de jul. de 2009

Pulou.






Fórina

Meio dia, cidade fervilhando de turistas e estudantes, estômagos guiando em direção a uma rápida refeição. A torre fica na região mais central da cidade. A loja de produtos para toalete é sua vizinha, confundindo-se com a igreja que lhe faz entrada no andar térreo. À direita da porta da igreja, uma típica cabine telefônica de vidro, com estrutura vermelha. É nela que o corpo bate antes de atingir o chão com violência. Ele rapidamente se tinge e passantes estupefatos olham o corpo que se oferece ao trágico espetáculo.

Como comentário da notícia publicada no jornal, um leitor que mora na cidade afirma ser a terceira vez que isso acontece, de acordo com sua memória. Notícias posteriores afirmam que a mulher de 61 anos, balconista de uma grande cadeia de lojas de cosméticos, estava casada há apenas dez meses com um apaixonado senhor e passava dificuldades financeiras decorridas de empréstimos bancários e débitos em lojas.

Ainda que banal, a vida não se apresenta tão difícil em um país de economia forte como a Inglaterra. Empregos atrás de balcões não oferecem nenhum prestígio, mas são suficientes para uma subsistência pouco glamourosa e a ocasional viagem a uma praia europeia ou a um país considerado exótico.

Como são frágeis os sonhos dessa época, e tolos, insuficientes. Ou somos nós que nos anestesiamos para os nossos sonhos, e deixamos essa narrativa tão melancólica quanto pobre nos embalar. Como produto, laços cada vez mais esgarçados e objetivos sem propósito se impõem. A leve hilariedade do video clipe em que zumbis desempenham uma coreografia pop dá lugar a assunção de um estado de coisas bem mais real do que a olho nu se consegue ver.

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