Fernanda Pompeu
Era minha vida de nove anos por um cachorro quente. Não de qualquer carrinho ou esquina. Tinha que ser por um cachorro quente do Bob’s. A lanchonete ficava na rua Uruguai, Tijuca, Rio de Janeiro.
Tratava-se de uma iguaria de domingo. O tio pagante e sua penca de sobrinhos salivantes. Um sanduíche para cada um. Sem hipótese de repetição.
Cachorro quente, nos anos 1960, queria dizer um pão molinho, uma salsicha coradíssima e, por cima, duas linhas de mostarda e ketchup. Só.
Nada a ver com a atual versão paulistana, que leva maionese, vinagrete, creme de milho e batata palha. O em questão era só um cachorrinho. E como bastava!
Água na boca. Salsicha na língua. Pão no coração. Depois, lamber os beiços e sonhar com o domingo seguinte.
Agora ponha, não dez, quarenta anos. Eu, de passagem pelo Largo da Carioca, dou de cara com um Bob’s. Lá reencontro o hot dog do desejo.
Adulta - com dinheiro vivo, cartões de crédito e débito - poderia comprar não um, sim quantos quisesse. Mas cadê a vontade? Onde o tio, os irmãos, os primos? Em que tempo se amarrotou aquela menina?
Quem souber, cochiche no meu paladar.
27 de jul. de 2009
sem cópia
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3 comentários:
Fernanda para mim o cachorro quente
tornou-se como pizza paulistana
que tem mais varedade de sabores que
os italianos na ItáLIA. ROBERVAL SALES
Aqui em SP um hot dog também era uma iguaria disponível só no final de semana.
Subia-se na Brasília 77, que também só era ligada no final de semana, e seguia-se até a Salada Record, no centro de São Paulo.
Fernanda peço desculpa pelo erro ortográfico no Anônimo disse... em 30/07/09. digitei com muita pressa
no serviço e nem fiz revisão na hora. Roberval
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