10 de jun. de 2010

a bola é uma ampulheta







Fernanda Pompeu

O tempo flui, nos levando rio abaixo. Receber o telefonema da amiga, anunciando que seu terceiro neto nasceu, é um choque. Principalmente se essa amiga foi companheira de puberdade. Natais e 31 de dezembros também são ponteiros gigantes marcando o disparo dos anos.

Um filósofo ocasional já disse: “Não é o tempo que passa, nós é que passamos”. Se, ao menos, ficássemos mais jovens, vigorosos, entusiasmados. Mas experimentamos que não é assim. Avarento, o tempo cobra impostos cada vez mais abusivos. Taxas de osso, de coração, de pressão. E a mais alta delas: taxa de memória.

Por mim, não ficaria lembrando que a morte está mais vizinha. Mas eis que vem a Copa do Mundo – essa emoção coletiva que rola de quatro em quatro anos. Uma copa faz a gente lembrar da anterior, da anterior da anterior, da anterior da anterior da anterior... Só nessa brincadeira, foram-se muitos anos.

A primeira emoção futebolística que recordo foi a de 1962. Transmitida pelo radinho de pilha. Nela, estavam Garrincha e Pelé. Claro que eu era uma garotinha. Mas já adolescentava na fabulosa Copa de 1970! Dessa, lembro quase tudo: os gols, o prédio em Niterói sacolejando, a comemoração delirante depois dos 4 a 1 em cima dos carcamanos.

Agora vem a da África do Sul. Já grafitei os jogos da canarinha na agenda. Já cruzo os dedos para São Jorge iluminar as chuteiras da pátria. Como sempre, vou torcer. Porque sou dessas que acreditam que a torcida ganha o jogo sim.

Também, inevitável, começo a pensar na próxima Copa, a de 2014 no Brasil. Como também inevitável é cruzar os dedos para estar por aqui.

2 comentários:

Cláudia disse...

Fernanda.
A minha vingança é pensar que o tempo passa para todo mundo.
Beijos,
Cláudia

Arcodavelha disse...

Vai tar sim, e de camarote no Rio !!!! Essa fã merece!!!!
Beijo, Fê, que leio com tanto prazer. Rê