13 de nov. de 2009

O caso do vestido






Amanda Andrade

Uma estudante tomou todos os noticiários do país nas duas últimas semanas. E se enganam os que pensam que foi por alguma pesquisa desenvolvida em sua área de estudo, algum destaque em alguma produção inovadora. O absurdo é tão explicito que fica difícil de acreditar que o motivo de toda essa movimentação é por conta de seu vestidinho rosa.
Essa história é um grande festival de atitudes erradas. Começamos pela própria Geisy. Para eu que sou mulher, não há nada pior que a banalização da feminilidade. As mulheres tem sido representadas pela mídia através de seus corpos, na maioria das vezes semi-nus. Não tenho nada contra a nudez, mas muito contra a imagem de que a mulher só existe se seu corpo estiver dentro dos padrões de beleza. Não há reconhecimento das grandes mulheres que realmente fazem diferença na história da humanidade. Mulher hoje em dia é carne de açougue, que deve ser totalmente exposta para deleite de seus apreciadores.
Mas o que muito me chama atenção neste caso é que a própria estudante confessou já ter ido com vestido e saias mais curtos para a faculdade. Por que será que naquele dia ela foi tão hostilizada? Com aqueles trajes ela sinceramente não queria passar desapercebida. E digo mais: iria totalmente a favor dela se não fosse seus comentários em diversos programas de televisão se juustificando e quase se beatificando. Eu acredito na sinceridade e no caráter das pessoas e essa moça simplesmente não os possui.
Porém, apesar de toda a situação, nada justifica o ato marginal dos outros alunos presentes naquela situação. Estudantes universitários que poderiam ser facilmente comparados com aborígenes selvagens. Eles perderam total razão (se é que existia) no momento em que impediram a moça de se locomover, de tentar fugir de tamanho escândalo.
A faculdade também se mostrou fraca e incoerente em sucessivos atos de desacordo, sendo motivados unica e exclusivamente pelos comentários da imprensa.
Fico pensando se todas essas pessoas é que farão o futuro do país. E tenho medo.

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